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Conselho Regional de Psicologia Santa Catarina - 12ª Região



10 razões para a Psicologia apoiar o movimento das/dos estudantes que ocupam suas escolas


 10 razões para a Psicologia apoiar o movimento das/dos estudantes que ocupam suas escolas
2016-12-01

A Psicologia, como ciência humana e social e como profissão reconhecida e inserida de forma ampla na sociedade brasileira, atuando em campos como a educação, trabalhando com jovens em muitas de suas inserções sociais, não poderia deixar de apoiar e explicitar sua posição sobre as ocupações que jovens estudantes estão realizando em mais de mil escolas brasileiras. Seguem dez razões para este apoio:

1. Apoiamos as/os estudantes em sua luta por termos, como conjunto de entidades da Psicologia, posição de defesa da reforma curricular com participação popular e contra a PEC do teto.

2. Apoiamos as/os estudantes porque lutam pela garantia de direitos que não são individuais, mas são de todo um conjunto social. Há nestas ocupações implícito, e muitas vezes explícito, um projeto de sociedade implicado com o reconhecimento e a garantia dos direitos de todas/os.

3. Apoiamos as/os estudantes porque a noção de saúde na Psicologia envolve a noção de autonomia - como condição necessária - para que os sujeitos protagonizem de modo saudável suas relações sociais e suas inserções nas instituições da sociedade.

4. Apoiamos as/os estudantes porque a Psicologia destaca a importância de lidar com a divergência para a aprendizagem e o desenvolvimento dos sujeitos. Sabemos da necessidade de os sujeitos aprenderem durante a vida a enfrentar divergências, sabendo defender suas opiniões, abrir o diálogo para falar delas e construir as alternativas ou saídas para a questão posta. Esta capacidade de lidar com as divergências depende e precisa de experiências de atuação e espaços dialógicos.

5. Apoiamos as/os estudantes porque há, nas atuações de ocupação e nos discursos proferidos e pouco divulgados pela mídia, uma expressão forte da constituição de sujeitos capazes de lutar pelos que virão depois deles, ou seja, lutam por uma escola para a sociedade brasileira. Esta possibilidade, de sair de “seus próprios umbigos” para entender o lugar e os direitos dos outros, é um dos passos importantes que a Psicologia indicou como um exercício de alteridade.

6. Apoiamos as/os estudantes porque estão demonstrando em suas atuações/ ocupações a possibilidade e capacidade de atuar, na sociedade e de forma coletiva. A Psicologia reconhece e busca, em todos os espaços de aprendizagem e desenvolvimento, a experiência de coletivizar. Desde pequenas as crianças são estimuladas a brincar com os outros, emprestar seus brinquedos, agir reconhecendo a existência e a importância do outro na constituição de nosso ser singular.

7. Apoiamos as/os estudantes porque estão demonstrando uma enorme capacidade de resistir ao bombardeio midiático que demoniza a política, que não reconhece as intervenções de coletivos que discordam de uma minoria poderosa, que nos impõe diariamente ideologias individualistas e mercantis. As/os jovens que ocupam as escolas têm encontrado nestes espaços outras possibilidades de expressão de seus pensamentos que vai na contramão de uma sociedade dominada pelo pensamento único e de uma mídia antidemocrática.

8. Apoiamos as/os estudantes porque ensaiam uma nova forma de fazer política; fazem a experiência necessária para inaugurar novas ideias e novas formas de governar, de legislar, de julgar, buscando a superação do que é antigo e ultrapassado em nossa sociedade. Anunciam um novo exercício de cidadania.

9. Apoiamos as/os estudantes porque reconheceram, na terra de Paulo Freire, que a Educação não se restringe ao recebimento passivo de conhecimentos escolares.

Educação é vida; é intervenção na realidade social de forma ativa e coletiva. Educação é estar alfabetizado para ler a realidade e construir projetos para que ela possa ser transformada e melhorada para todos/as.

10. Apoiamos as/os estudantes porque merecem, da Psicologia o reconhecimento pela seriedade e maturidade com que estão atuando. Isto é saúde do ponto de vista da Psicologia. Reconhecer os problemas de nosso cotidiano, conquistar a autonomia para formular a análise e a crítica, ser capaz de coletivamente produzir saídas e mudanças, compõem um conjunto de instrumentos que indicam e garantem uma saúde psicológica.

União Latino-Americana de Entidades de Psicologia 


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