Depois de ser lançado em Florianópolis e Joinville, foi a vez de Criciúma receber o lançamento do Caderno Temático de Saúde Suplementar. O evento foi realizado na Subsede Sul, em Criciúma e reuniu profissionais, estudantes e representantes do Conselho. Após a apresentação, o espaço foi aberto para que as(os) participantes pudessem fazer perguntas e esclarecer dúvidas.
“Mesmo para quem já acompanha e sabe dos processos relativos à Saúde Suplementar, sempre temos algo novo para aprender, questões importantes que não sabemos. Acho muito válido orientar as(os) psicólogas(os), é muito importante”, avalia Miriam Fernandes Fernandes Yordi, psicóloga clínica que participou do encontro.
O Caderno apresenta orientações a respeito dos princípios éticos, técnicos, regulatórios e administrativos relacionados à relação de trabalho estabelecida entre as operadoras de plano de saúde e as(os) profissionais. Além de Florianópolis, Joinville e Criciúma, o material foi divulgado nas subsede Oeste, em Chapecó, no dia 23 de abril.
Confira o material gratuitamente em pdf. Clique aqui:
http://www.crpsc.org.br/ckfinder/userfiles/files/crp-sc_caderno-saude-suplementar_ONLINE.pdf
O material é resultado da pesquisa do Grupo de Trabalho Interinstitucional sobre Saúde Suplementar do Conselho (GTSS/CRP-SC) em parceria com o Fórum das Entidades da Psicologia Catarinense (FEPSIC) e o Sindicato de Psicólogos de Santa Catarina (SINPSI/SC). A pesquisa, realizada desde 2015, também originou no diálogo entre o GTSS e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) sobre as especificidades contratuais entre operadoras e prestadores dos serviços.
Na avaliação de Daniela Furlan, psicóloga assistente técnica da Comissão de Orientação e Fiscalização (COF), que também apresentou o Caderno, os encontros levam à categoria o conhecimento dos marcos legais da Saúde Suplementar, com o objetivo de “defender a nossa profissão de práticas abusivas e exigir condições para que a gente possa fazer o nosso trabalho com seriedade e ética. O intuito aqui é fornecer informações para as profissionais batalharem contra a precarização do serviço”, explica.
Ouvindo todos os lados
“Estamos abrindo portas para o debate sobre a Saúde Suplementar com todos os lados”, afirma Jaira Terezinha da Silva Rodrigues, conselheira do CRP-SC. Antes do lançamento destinado às (aos) profissionais, ela percorreu três operadoras de planos de Saúde em Criciúma e Tubarão para apresentar o Caderno, fazer perguntas, traçar o perfil das empresas, elucidar dúvidas, ouvir os representantes dos planos de Saúde e colocar o Conselho, por meio da Comissão de Orientação e Fiscalização, à disposição para ajudar a melhorar o serviço oferecido. “Foram conversas produtivas, em que apresentamos as principais dificuldades da categoria e ouvimos as demandas que as operadoras lidam no cotidiano do atendimento”, destaca.
Para Fabrícia Fabre, responsável pelo administrativo e credenciamento do plano Saúde Conceição, localizado em Tubarão, a conversa promoveu um estreitamento dos laços entre as partes. “Apresenta um outro lado que não vemos em nossa realidade. A troca de conhecimento permite melhorar o sistema, tanto para as(os) profissionais como para os usuários”, define.
Jadna da Silva Frohlich, gestora de Custos Operacionais e Rede de Prestadores da Unimed de Criciúma, alega que a empresa segue à risca as diretrizes da Agência Nacional de Saúde Suplementar, principalmente na questão sobre a necessidade de um encaminhamento médico que indique o acompanhamento psicológico. “Como somos uma cooperativa médica, entendemos que o médico precisa participar deste processo. O paciente pode até procurar uma(um) psicóloga(o) e agendar uma consulta, mas junto, precisa trazer a justificativa do médico”, alega.
No entanto, a representante entende a importância da conversa e definiu que o material será analisado pela operadora que está disponível para a conversa seguir adiante. “Todos nós temos interesse em melhorar o serviço e queremos seguir conversando sobre o tema. Quando começamos a oferecer serviços de Psicologia, tínhamos muitas dúvidas sobre os procedimentos. Acho importante essa troca de informações, esclarecer quais os deveres e quais as obrigações de ambas as partes. E o Conselho serve como orientador”, pondera.
Na avaliação da Irmã Maria Felicita Henz, presidente do Plano de Saúde São José, o relacionamento com outras áreas da Saúde é importante. “Ninguém sabe tudo e toda contribuição nos ajuda. Por mais que a gente procure seguir as normas da ANS, temos que nos esforçar para não deixar lacunas. Qualquer ajuda é fundamental”, reflete.
Ainda sobre este tema, segundo o membro do Eixo Saúde e conselheiro do CRP-SC, Nasser Haidar Barbosa, há um debate maior a ser feito que diz respeito às discussões interdisciplinares no campo do chamado ato médico e da autonomia de outras áreas da saúde. “Uma pauta intensa de nossa categoria e uma bandeira que temos levado enquanto Conselho para diferentes instituições que regulam a saúde suplementar é a necessidade de se rever a condicionalidade e obrigatoriedade de encaminhamento médico para pessoas que necessitam de atendimento psicológico, isso subordina os saberes e as práticas de saúde numa hierarquia rígida que não atende a necessidade da população, mas sim ao sistema financeiro que sustenta as cooperativas de saúde”, afirma.