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Conselho Regional de Psicologia Santa Catarina - 12ª Região



Mais de 180 pessoas participaram do Seminário Catarinense de Psicologia e Estudos sobre Deficiência


Mais de 180 pessoas participaram do Seminário Catarinense de Psicologia e Estudos sobre Deficiência
2019-09-16

Durante a tarde e noite da quinta-feira, 5, profissionais e estudantes de Psicologia, Serviço Social, Direito, entre outros cursos, participaram do II Seminário Catarinense de Psicologia e Estudos sobre Deficiência. Realizado em Florianópolis e organizado pelo Conselho Regional de Psicologia (CRP-SC) com o apoio do Núcleo de Estudos sobre Deficiência e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSC, o evento surgiu da necessidade de orientar os profissionais da psicologia e demais áreas sobre a construção de pesquisas e práticas profissionais em consonância com a Legislação Brasileira sobre Deficiência. O encontro contou com diferentes recursos de acessibilidade e foi transmitido via Facebook para que um maior número de pessoas tivesse acesso ao conteúdo.

“Este evento é uma importante iniciativa que traz temas com pouca visibilidade dentro da Psicologia. Queremos mostrar cada vez mais que a deficiência não é um problema. O problema são as barreiras que impedem o acesso das pessoas com deficiência tanto no trabalho como no lazer. Precisamos dialogar com pessoas com deficiência e trabalhar para elas”, destaca a psicóloga e colaboradora do CRP-SC, Paula Helena Lopes.
 
Após abertura foi realizada mesa de debate sobre Políticas Públicas e Direito das Pessoas com Deficiência: Desafios à Formação em Psicologia. A mesa foi coordenada pela mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSC, Alana Lazaretti, que tem pesquisas sobre deficiência, gênero e deficiência, ética do cuidado, deficiência e Direitos Humanos e constituição do sujeito. Entre os participantes a antropóloga e pesquisadora vinculada ao Núcleo de Estudos sobre Deficiência (NED) da UFSC, Anahi Guedes De Melo, que falou sobre Capacitismo; o assistente social, mestre em política social, doutor em Sociologia e consultor do Banco Mundial para os temas de deficiência, Wederson Rufino Dos Santos, que abordou as políticas públicas para pessoas com deficiência, trabalhando a interdisciplinaridade; e a professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSC, Conselheira do CRP-12, Coordenadora do Núcleo de Estudos sobre Deficiência e integrante do Laboratório de Psicologia Escolar Educacional da UFSC, Marivete Gesser.
 
Trabalhos desenvolvidos por pesquisadores de diferentes regiões do estado estiveram expostos durante o evento. Três estudos foram premiados pelo CRP, são eles: Os desafios da Equipe Multiprofissional de Acompanhamento aos Servidores da UFSC com Deficiência e em Estágio Probatório (EMAPCD) frente às barreiras enfrentadas pelos servidores com deficiência da UFSC, do EMAPCD; Psicologia e Autismo: uma proposta interacionista para o desenvolvimento infantil, de Daniele Fortes Nishimura e Fernanda Arisigones; e Não solte a mão de ninguém. Nem deixe alguém ser esquecido, de Manoella Back Neves.
 
Outro ponto de destaque do dia foi o lançamento do caderno, Psicologia e Pessoas com Deficiência. O documento é o resultado da compilação de artigos e falas do 1º Seminário Catarinense de Psicologia e Estudos sobre Deficiência, realizado em 2017. No caderno estão estudos sobre diferentes temáticas, como: políticas públicas, questões de gênero, atuação da (o) psicóloga (o) acerca do direito reprodutivo, perspectivas universais, acessibilidade e garantia de acesso, entre outros. “O caderno é referência às (o) psicólogas (o) para que tenham orientação sobre pessoas com deficiência de forma inclusiva. Hoje lançamos e entregamos aos participantes presentes no ato, porém ele está disponível no nosso site para acesso de todos. Os estudos estão em constante avanço e é importante aos profissionais da área essa atualização. Aqui está um compilado com conteúdos válidos, teóricos e científicos, para instrumentalizar as(os) profissionais da Psicologia”, destaca Paula.
 
Para finalizar a noite, foi realizada a mesa de debate: Estudos sobre Deficiência e Atuação Profissional em Psicologia. A discussão contou com a participação da professora doutora no Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, Carla Bianca Angelucci; da mulher com deficiência, pesquisadora e ativista na área dos Estudos sobre Deficiência e doutoranda em Psicologia Social  pela UFSC, Karla Garcia Luiz; e da colaboradora do CRP-SC, psicóloga da Prefeitura Municipal da Palhoça e doutoranda na área de Mídia do Conhecimento na Educação, Nanci Cecília de Oliveira Veras.
 
Segundo Carla, dados do IBGE, 2018, revelam que 6,7%, ou seja, mais de 14 milhões de pessoas têm deficiência no Brasil, mais de 7 milhões têm transtornos mentais e 5% tem superdotação ou altas habilidades. Por isso, é de fundamental importância trabalhar essa temática, para propiciar um bom atendimento e fazer valer as políticas públicas dessa população. Para ela, é preciso enfrentar o capacitismo, trazer para universidade as pessoas com deficiência para trabalhar junto e não apenas para assistir. “Processos inclusivos trazem oportunidade para transformar percepção sobre corpo, estética e sexualidade, funcionalidade e mobilidade, sobre si, sobre as demais pessoas, laço social, que tipo de relação a gente produz, arte e informação. Convido a todas (os) para participar da Rede de Articulação em Defesa da Educação Inclusiva do princípio da inclusão, para produzir diálogo com a população e pressionar o governo federal sobre os direitos das pessoas com deficiência”, destaca.
 
Ao falar sobre Ética do Cuidado, karla Garcia evidencia o modelo social que permite olhar outras características das pessoas e não só a deficiência. “Existem outras coisas. O cuidado deve levar em conta o bem estar do outro. Tratar o cuidado como justiça social, que é atender as necessidades de todos. Se alguém precisar da descrição de uma imagem é preciso descrever. Ressignificar o cuidar e a participação, desenvolver suas potencialidades para ter minimamente independência da sua própria vida”.
 
Nanci Cecília em sua abordagem deixou várias perguntas a serem pensadas, refletidas e respondidas. “Temos muitas perguntas enquanto pesquisadoras. Como têm sido vivenciadas as demandas que as pessoas com deficiência têm trazido as (os) Psicólogas (os) na política de assistência social? Como está sendo realizado o acompanhamento e atendimento multidisciplinar à pessoa com deficiência? O que é da prática da psicologia e o que não é neste campo de conhecimento sobre deficiência? Como tem sido as nossas respostas em relação às políticas públicas das pessoas com deficiência?”. E para finalizar usou a frase: “Que possamos fazer da Psicologia uma profissão mais solidária e menos solitária”.
 
“O evento foi um sucesso com a participação de um excelente público. Conseguimos trazer muita informação para os estudantes e os profissionais da área. Fizemos um encontro com diferentes recursos de acessibilidade para que as pessoas com deficiência também pudessem participar. Essa iniciativa pode servir de exemplo, pois tivemos participação plena considerando a sua diversidade”, finaliza. O encontro contou com monitores de audiodescrição, intérprete de libras, tela interativa para apresentação dos trabalhos dos pesquisadores, e espaço com acessibilidade, minimizando as barreiras e incentivando a participação das pessoas com deficiência.

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