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Conselho Regional de Psicologia Santa Catarina - 12ª Região



Novos caminhos para Psicologia são decididos no Corep-SC


Novos caminhos para Psicologia são decididos no Corep-SC
2019-04-17

Dois dias históricos para a Psicologia no estado. Em 6 e 7 de abril, o Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina (CRP-SC), organizou mais um Congresso Regional de Psicologia (Corep-SC), no Hotel Morro das Pedras, em Florianópolis.

Com o tema “O (im)pertinente compromisso social da Psicologia na resistência ao estado de exceção e nas redes de relações políticas, econômicas, sociais e culturais”, o evento é a terceira etapa antes do Congresso Nacional (10º CNP), que será realizado entre os dias 30 de maio a 2 de junho, em Brasília.

As propostas debatidas pelas(os) delegadas(os) eleitos nos pré-congressos, 48 psicólogas(os) , além de estudantes e convidadas(os), foram elencadas nos eventos preparatórios e nos onze Pré-Congressos Regionais, mobilizando profissionais em vários municípios catarinenses.

Mesa de abertura

A abertura do evento foi realizada pela conselheira Simone Vieira de Souza, que representou a Comissão Organizadora (Comorg/CRP-SC) e abriu os trabalhos, destacando o esforço e o empenho das pessoas envolvidas para mobilizar as(os) participantes acerca de temáticas absolutamente necessárias e alinhadas ao 10º CNP. “É a oportunidade de debater propostas e análises com um olhar sensível, crítico, vigilante das questões da sociedade e expressar as incertezas da categoria, que ultimamente se sente ameaçada”, argumentou, citando a professora Nilma Gomes: “A melhor forma de resistirmos é nos mantermos com mentes e corações emancipados”. Ela desejou às (aos) participantes “um trabalho fecundo, em que sejamos capazes de desindividualizar nossas bandeiras e coletivizar as lutas”, disse sob aplausos.

O Congresso contou com representantes das principais entidades profissionais da Psicologia no estado e do País. Na avaliação de Ana Sandra Nóbrega, vice-presidenta do Conselho Federal de Psicologia (CFP), o Brasil está vivendo um momento importante da Psicologia. “As discussões de hoje nortearão o caminho para os próximos anos e temos este impertinente compromisso com a sociedade. Nós somos reconhecidamente uma classe que trava lutas que nós consideramos importantes para o País. Nosso papel é criar dispositivos para esta resistência, definir caminhos para o futuro e revisar o que queremos para a nossa profissão, que deve seguir priorizando a ética e a dignidade indistintamente, incluindo todas as subjetividades e possibilidades dos indivíduos.”

Segundo Inea Giovana da Silva Arioli, conselheira executiva da União Latino-americana de Entidades de Psicologia (Ulapsi), no passado, outras(os) psicólogas(os) lutaram duramente e abriram caminhos para as conquistas que temos hoje. “Precisamos seguir defendendo  coletivamente os interesse da classe. É uma alegria rever nossos pares, vindos de várias partes e saber que estamos unidas(os) neste momento de retração das políticas públicas e dos direitos básicos. As coisas podem ser retiradas em um minuto, é preciso estar vigilante”,  declara. A conselheira da Ulapsi aproveitou a ocasião para convidar os presentes para o 2o Seminário Internacional da Ulapsi, a ser realizado em Recife, em julho. “Precisamos criar espaços de discussão, diversidade e autonomia. Que Psicologia queremos?”, questionou.

Para Eliz Marine, do Núcleo Regional da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia  (Abep/SC), o Congresso representa a diversidade de pautas do ensino e do exercício profissional da Psicologia. É uma relação intrínseca, fundamental para entender todas as fases da psicóloga(o) como estudante, formada(o) e profissional atuante. Precisamos pensar juntas(os) e de forma articulada o que que queremos para a Psicologia. O núcleo catarinense da Abep está presente e disponível nesta responsabilidade”, definiu.

Por outro lado, Vânia Machado, secretária executiva do Sindicato das(dos) Psicólogas(os) de Santa Catarina (SinPsi-SC) alerta que parte das(dos) profissionais ainda não conseguem distinguir quais os papéis respectivos do Sindicato e do CRP. “Esse trabalho precisa ser realizado horizontalmente e em conjunto. Além das pautas sociais, peço que incluam essa proposição ao debate. Precisamos ver as questões da(o) trabalhadora(or) psicóloga(o), que precisa saber reivindicar seus direitos e lutar politicamente pela nossa profissão”, defendeu.

O estudante Jonas Marssaro, representante da Coordenação Nacional de Estudantes de Psicologia (Conep), pondera que as(os) estudantes têm a capacidade maravilhosa de questionar o dia a dia. “Como alunos, temos que tomar frente neste processo. Precisamos repensar a nossa formação para levar a Psicologia de fato ao povo”, disse.

Na avaliação de Sílvio Serafim da Luz, do Fórum das Entidades da Psicologia Catarinense (Fepisc), é motivo de satisfação acompanhar a categoria discutir o futuro e a trajetória dos Sistemas de Conselhos nos próximos anos. “Vivemos uma era de medo e insegurança.  Nunca achei que ia passar por isso de novo. É um alívio saber que a Psicologia está unida e irá incomodar contra os retrocessos. Cada vez mais vejo nossa profissão reconhecida e com importante papel na Sociedade”, ponderou.

De acordo com Cynthia Maria Pinto da Luz, presidenta do Conselho Estadual de Direitos Humanos, o CRP-SC sempre foi uma organização de defesa dos Direitos Humanos e seu papel é fundamental no dias atuais. “Em tempos de louvor à ditadura e incitação à violência, é importante somar forças para lutar pela democracia. As conquistas dos últimos anos não foram fáceis. Daqui tenho certeza que saíram boas propostas. Contem com a gente, vamos nos organizar”, pediu.

Por fim, o presidente do CRP-SC, Fabrício Raupp, encerrou os trabalhos da mesa fazendo um balanço de atividades da entidade nos últimos anos. Estamos na reta final da nossa gestão coletiva e participativa, mas até setembro temos ainda muito trabalho a fazer. “Em nome do Conselho, destaco a importância histórica deste Congresso. Viemos problematizar o nosso fazer profissional cotidiano, levando em consideração os princípios éticos e democráticos com o intuito de resistir aos recuos sociais. Os desafios da prática profissional  estão intrinsecamente ligados aos riscos que a Sociedade sofre. Se perdemos direitos, nossa profissão perde conjuntamente”, reiterou.

Segundo Raupp, o CRP-SC abriu o diálogo com a categoria por meio da regionalização, ampliando o alcance das regiões por meio das subsedes e demais eventos organizados pela entidade, entre elas a luta antimanicomial, o Seminário Psicossocial, entre outras.  “Muitos temas foram trabalhados na nossa atuação institucional. Destaco que sem a equipe técnica compromissada do Conselho, nada disso seria possível”, agradeceu, lembrando que após o Congresso, o trabalho segue. “Vamos trabalhar as propostas da próxima gestão, eleita em 27 de agosto para o mandato 2019-2022. Algumas lutas se mantém, outras se fazem mais necessárias, principalmente aquelas que remontam ao desmonte de direitos”, concluiu.

Organização dos Grupos de Trabalho e palestra com Cristina Rauter

Após a cerimônia de abertura, foi feita a leitura e aprovação do Regimento Interno e escolhida a mesa diretora que acompanhou o trabalho dos processos regimentais e determinou a formação dos grupos de trabalho que debateram as propostas. Na ocasião ficou decidida a organização de votação das(os) delegadas(dos) por chapas, para preservar a coletividade. A conselheira do CRP-SC Jaira Terezinha da Silva Rodrigues explicou às(aos) presentes como deveria ser feita a organização. “É importante esse momento de debate de discussão de reflexão coletiva, destacou.

A convidada especial do dia foi a professora titular de Psicologia Social e Institucional do Departamento de Psicologia da Universidade Federal Fluminense, Cristina Rauter. Ela começa a palestra citando o filósofo holandês Baruch Espinoza, afirmando que os governos se dão pela esperança ou pelo medo. Hoje estamos tomando pílulas diárias de medo. Um governo que produz uma paz armada não pode durar muito. Espero que não seja assim”, reflete. Ela fez uma analogia do cenário atual ao conto do Alienista, de Machado de Assis. “Precisamos fazer uma reedição atualizada. Aguardo o momento de ficar apenas o Alienista internado, provocando risos na plateia.”

Segundo ela, o Brasil é uma sociedade extremamente desigual e caminhamos para a ampliação desta diferença. “Nós, devido às nossas subjetividades, aprendemos a conviver com isso com naturalidade e passividade. A(O) psicóloga(o) está numa posição privilegiada para falar com as pessoas enquanto as outras pessoas silenciam. É um compromisso ético que não recomendo fugir. Não nos cabe julgar, mas ouvir as pessoas”, orientou, complementando que o diálogo com o “oponente” é fundamental. “Conversar com o autoritário é complexo, mas avalio que as pessoas que escolheram a solução autoritária hoje demonstram sinais de arrependimento. Existem brechas para aumentar a nossa capacidade de diálogo e ver outras realidades”. Por fim, Cristina agradeceu o convite do Congresso. “Fico feliz em contribuir e conversar. Há muito tempo deixamos de ser aquela(e) psicóloga(o) que lida prioritariamente com o mundo interno. A realidade psíquica evoluiu”, finalizou.

Ao longo da tarde, foram constituídos os  quatro grupos que debateram os seguintes Eixos Temáticos: Eixo I - Organização Democrática e representativa do Sistema Conselhos, com 41 propostas; Eixo II - O diálogo da psicologia com a sociedade brasileira e suas relações com democracia e direitos humanos, com 39 propostas e Eixo III - Exercício profissional, que reuniram dois grupos, um com 62 e outro com 61 propostas para apreciação. Cada participante pode escolher um eixo de atuação.

Dia 2

Votação olhando para o futuro da Psicologia

No domingo, dia 7, segundo dia do Corep-SC, as(os) 48 delegadas(os), decidiram sobre as 203 propostas nacionais e regionais do Caderno Deliberativo debatidas no sábado. Elas(es) revisitaram os temas com pequenas sugestões de adaptações, questionaram e fizeram observações necessárias antes de cada escolha, sempre sob a supervisão das(dos) componentes da mesa diretora eleita para conduzir os trabalhos de votação.

“É um momento muito importante, de democracia plena. Ao acompanhar a votação de cada proposta, vejo que elas foram bem delineadas anteriormente nos Pré-Congressos e espero que lá em Brasília elas sejam validadas”, defendeu Priscila Roberta Andrade, psicóloga de Lages que veio para o evento e foi a presidenta da mesa diretora durante a apreciação das propostas. As alterações sugeridas e aprovadas pela maioria eram imediatamente inseridas no Sistema criado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), sob a supervisão dos técnicos do CFP, que vieram especialmente para o evento.

No total foram aprovadas 140 propostas, sendo 32 delas do Eixo I - Organização Democrática e representativa do Sistema Conselhos; 33 do Eixo II - O diálogo da psicologia com a sociedade brasileira e suas relações com democracia e direitos humanos e 75 do Eixo III - Exercício profissional. O número de propostas reprovadas chegou a 63.

Também foram encaminhadas duas moções, uma delas em defesa da Resolução CFP no 01/1999, que estabelecem normas de atuação para as psicólogas(os) em relação à questão de orientação sexual e da Resolução CFP no 01/2018, que garante normas de atuação para psicólogas(os) em relação às pessoas transexuais e travestis. Já a moção do CONADE, propõe alteração do Capítulo VI, seção I, artigo 23o, parágrafo 2o do Regulamento Interno. O grupo pediu aumento no número de representantes estudantis que possam participar dos eventos e que tenham direito ao voto. As moções apresentadas foram votadas pela plenária e serão inseridas no Caderno Regional de Propostas do CRP-12.  

Moção CONEP

Moção em Defesa das Resoluções 01/1999 e 01/2018

O dia também foi marcado pela organização de grupos políticos dentro dos temas inerentes à  profissão e a eleição das(os) 19 delegadas(os), 6 suplentes, 2 delegados estudantes e 2 suplentes estudantes, que irão à Brasília para o Congresso Nacional da Psicologia (10º CNP) - realizado entre os dias 30 de maio a 2 de junho. “Foi intenso e trabalhoso, mas muito produtivo chegar ao final do Corep e ver a diversidade das regiões do estado presente e a variedade de áreas que estão sendo debatidas, todas com um propósito, que é defender a Psicologia em Santa Catarina. Agora a próxima etapa é o Congresso Nacional, em que a gente vai se reunir com as psicólogas(os) dos outros estados e pensar então diretrizes da Psicologia no Brasil”, avaliou Pâmela dos Santos, conselheira vice-presidenta e representante da Comissão Organizadora do Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina (Comorg /CRP-SC).

Para encerrar o Congresso, foram apresentadas as duas chapas que irão disputar a próxima eleição da Gestão 2019-2022 do Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina (CRP-SC). Cada chapa é formada por 26 profissionais que irão compor o novo Conselho e a mesa diretora. “É o momento crucial para as(os) psicólogas(os) ampliarem a sua voz. Agora a próxima etapa é analisar os nomes inscritos, avaliar se elas(es) estão aptas(os) a participar conforme as normas do Regimento para depois homologar as chapas e dar início à campanha.

A participação pelo voto é obrigatória e as eleições serão realizadas online, das 8 horas do dia 23 de agosto às 17 horas do dia 27 de agosto de 2019. A sede e subsedes do CRP-SC estarão abertas no dia 27 oferecendo computadores para votação”, explicou Eliamar Machado, presidenta da Comissão Eleitoral. Saiba mais aqui!


Confira a lista de delegadas(os) eleitas(os) no COREP/SC que irão para o 10º CNP, em Brasília:

Delegadas(os)

1. Ematuir Teles de Sousa

2. Fernanda de Souza Fernandes

3. Flavio Nardon

4. Gabriel de Oliveira

5. Jaira Terezinha da Silva Rodrigues

6. Joyce de Almeida Cruz

7. Kaliandra Cristina Schneider

8. Marcelo Peres Geremias

9. Marcos Henrique Antunes

10. Mônica Lúcia do Nascimento Kleine

11. Nanci Cecília De Oliveira Veras

12. Paloma Fabiola Borba

13. Pâmela Silva dos Santos

14. Paula Helena Lopes

15. Renato Weber

16. Rosana Maria Schwerz

17. Sandra Regina de Barros de Souza

18. Simone Carvalho das Neves

19. Yara Maria Moreira de Faria Hornke

Suplentes

1. Jaqueline Batista da Silva Taufembach

2. Amanda Packer Meurer Marques

3. Claudemir Gonçales

4. Édna Müller Pickler Patrício

5. Sara Borges

6. Luana Taís Poletto

7. Meilene Nogueira

Delegadas(os) estudantes

1. Letícia Teles de Sousa

2. Elienay Brandão de Oliveira

Suplentes estudantes

1. Jéssica Cristina Gayardo

2. Geison Carvalho Marques



 

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