Acessibilidade | Cores: Normal - Alto Contraste | Tamanho do Texto: Diminuir - Aumentar

Conselho Regional de Psicologia Santa Catarina - 12ª Região



Organização dos movimentos sociais pautam discussões no IV Seminário de Atenção Psicossocial


Organização dos movimentos sociais pautam discussões no IV Seminário de Atenção Psicossocial
2019-07-11

A manhã do terceiro e último dia do IV Seminário de Atenção Psicossocial, realizado no CentroSul em Florianópolis, teve como principal atividade, a Conferência “O Protagonismo dos movimentos sociais e a importância desses espaços para o enfrentamento do sofrimento ético-político e para a promoção de direitos fundamentais”, com o professor e conselheiro do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Paulo Maldos.

Durante os três dias, o evento que terminou nesta quarta-feira (3), reuniu cerca de 800 pessoas, entre profissionais, professoras(es), pesquisadoras(es), usuários, militantes da luta antimanicomial, entidades da Psicologia, universidades e movimentos sociais organizados que formam a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para debater os caminhos e as melhorias no cuidado integral dos usuários.

Paulo Maldos, que ao longo de sua trajetória profissional e acadêmica acompanhou vários  movimentos sociais no Brasil, principalmente aqueles de vulnerabilidade social, como povos indígenas, quilombolas, moradores de ruas, prostitutas, e demais, sempre fazendo ponte com diversas instituições municipais, estaduais e nacional. “A organização dos movimentos sociais sempre provocou mudanças. Sabemos ocupar os espaços de construção desde a época da formação da Constituinte. E foi a participação desses movimentos que permitiu ano após ano, erguer instâncias de Governo, de Estado e as Políticas Públicas dos segmentos mais vulnerabilizados da sociedade, no campo e nos centros urbanos. Se constitui de um modelo de construção de baixo para cima, com participação popular”, alegou.   

O professor também fez uma análise do momento atual da política do País e da importância da participação social. “Recebemos o Golpe a conta gotas, desde 2015, com cronograma e timing rigorosos, organizado com as instituições governamentais, judiciárias, mídias tradicionais, apoiados por segmentos da elite civil. Agiram para conter o avanço histórico do País, que batalhava por mais justiça e soberania. O ovo da serpente estava chocado desde aquele momento”, avisou.

Ele também reconheceu alguma falhas deste processo de construção que permitiu a abertura para os retrocessos. “Avançamos muito nas esferas municipais, estaduais e federal, mas fomos ingênuos em acreditar que a elite, tradicionalmente colonialista, fosse pacificamente compactuar com os progressos neste campo. Devíamos ter sido mais fortes nos modelos de ocupação dos espaços”, ponderou.

 

Demais atividades

Além da conferência, outras atividades marcaram a manhã. A apresentação do documentário “Gênero sob Ataque”, uma co-produção realizada pelo Consórcio Latino-americano contra o Aborto Inseguro (CLACAI) e dirigido pelo jornalista peruano Jerónimo Centurión Aguirre. O filme abordou a ofensiva e perseguição aos estudos, políticas públicas e ativismos de gênero na América Latina. Após a exibição, representantes da Comissão Mulheres do CRP-SC debateram com as (os) participantes.

Entre o Ciclo de Conversas da manhã, temas como a construção do cuidado, por meio da participação ativa dos sujeitos de direitos foram compartilhados, com a participação Geomar Crendo, liderança indígena de José Boiteux, Magda do Canto Zurba, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Hellen Cristina Ribeiro Soares, do  Caps de São José. A coordenação foi de Geni Nuñez, doutoranda da UFSC e ativista da Frente de Apoio Guarani.

Os processos formativos por meio da articulação com os movimentos sociais e com participação no controle social de Políticas Públicas foram tema da conversa com Sulimar Vargas, do Fórum de Religiões de Matrizes Africanas de Florianópolis e Região, Marco Da Ros, da Univali e Eduardo Antunes de Matos. A coordenação foi de Josiele Bené Lahorgue, das Faculdades Cesusc e Rede de Articulação Psicologia e Povos da Terra.

Ainda o debate “Compromisso ético-político da gestão com o fortalecimento coletivo, a organização social e a dimensão da cidadania”, contou com uma mesa representativa: Jussara Inácio, da Associação Brasil é Minha Aldeia (Abrama) e usuárias do Raps participantes do Instituto Arco-Íris, acompanhadas pela psicóloga da entidade, Tatiane Santana Fuggi. A coordenação foi de Renata Christiane Araújo de Lima, psicóloga colaboradora do CRP-SC e da Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadores de Relações Raciais e Subjetividades (Anpsinep-SC). “A composição da mesa enriqueceu o debate e apresentou a perspectiva das(dos) usuárias (os)como fonte de conhecimento é primordial, já que vivem diretamente o cotidiano das questões tratadas no Seminário. Sem  elas(es), não sabemos do que estamos falando”, argumentou.

A tarde do dia 3 encerrou a programação do evento.

 

Fotos


Voltar

Faça seu comentário