Acessibilidade | Cores: Normal - Alto Contraste | Tamanho do Texto: Diminuir - Aumentar

Conselho Regional de Psicologia Santa Catarina - 12ª Região



XII Encontro Catarinense de Saúde Mental é realizado na UFSC


XII Encontro Catarinense de Saúde Mental é realizado na UFSC
2019-05-14

Entre os dias 30 abril a 3 de maio, Florianópolis sediou o I Encontro Catarinense de Saúde Mental (XII ECSM), realizado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Durante os três dias de evento, uma ampla programação reuniu profissionais, estudantes, pesquisadoras(es), usuárias(os), agentes públicos e demais interessadas(os) em Saúde Pública de várias partes do Brasil e América Latina.

O Encontro é uma uma iniciativa do Departamento de Saúde Pública da UFSC, da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme), do Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina (CRP-SC) e contou com a parceria de diversos órgãos públicos e entidades da sociedade civil.

Sob o tema “Nada sobre nós, sem nós”, o evento foi realizado concomitantemente com o I Fórum Sul-Brasileiro de Direitos Humanos e Saúde Mental, I Simpósio de Prática e Pesquisa em Ibogaína (planta com fins terapêuticos) e o Pré-Encontro do IV Seminário de Atenção Psicossocial: as possibilidades de cuidado integral na atualidade.

Paralelamente, o CRP-SC organizou diversas atividades durante o evento, em que destacou as atividades desenvolvidas pela entidade e protagonizou diálogos sobre os temas discutidos. “É importante demarcar nossa posição da conjuntura sociopolítica atual. Saúde Mental é uma luta da Psicologia, temos uma parceria de longa data com a Abrasme e não poderíamos deixar de estar aqui. O CRP-SC é mais que um apoiador, organizou rodas de conversa e oficinas, montamos um estande e debatemos questões, como a luta antimanicomial e os retrocessos na Saúde ” defendeu o presidente conselheiro Fabrício Raupp.

O evento conseguiu reunir pautas políticas distintas, mas interligadas à Saúde Mental. “A parceria do CRP-SC foi fundamental nesse momento. Há muito tempo já percebemos essa necessidade da intersetorialidade entre os debates. Saúde Mental não é algo restrito aos CAPS e às RAPS, temos que pensá-la de forma ampla dentro da sociedade. E obviamente neste momento de tanta intolerância, as populações vulneráveis são as primeiras a serem afetadas e precisam ter voz neste espaço", destacou Daniel Lomonoco, presidente do XII ECSM e diretor da região Sul da Abrasme.

Abertura

Na abertura oficial, os debatedores fizeram um alerta para os retrocessos na Saúde Mental, os cortes nos investimentos das universidades, a fragilização e o desmonte do SUS e as ameaça ao Sistema Conselhos. Segundo a Pró Reitora de Pós Graduação da UFSC, Cristiane Derani, que representou o Reitor da universidade, Ubaldo Balthazar, a universidade deve ser foro de discussão sobre as nossas vidas na sociedade. “Precisamos valorizar a questão da Saúde Mental e quebrar preconceitos sobre o tema”, definiu.

Na conferência de abertura, a Professora Doutora em Ciências Sociais, Esther Solano adverte que vivemos em uma sociedade adoecida por um sistema econômico neoliberal, pautado na meritocracia, na máxima produtividade e na competição. “Se você não produz, não “vence”, você é fracassado. A raiva e o fracasso acumulados dessa vivência resulta no aumento dos transtornos mentais e nos suicídios", ressaltou.

Para Eduardo Caliga, ativista do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial (MNLA), organização que representa os usuários dos serviços de Saúde Mental. “Sou grato que há doze anos participo deste evento. Durante muito tempo fomos apenas números, estatísticas, objetos de estudo. Nossos direitos sempre surgiram do sofrimento, nada veio de graça, e estar aqui na mesa da conferência de abertura, junto de pesquisadores é significativo”, declarou. Caliga também convocou outros usuários para participar dos espaços de fala sobre a Saúde Mental. “Liberdade e Autonomia se conquista com igualdade de oportunidades”, declara.

Pautas variadas, atividades paralelas

Durante os três dias, temas comuns da Saúde Mental: a luta antimanicomial, a Reforma Psiquiátrica, a Política de Redução de Danos, a medicalização, o uso do eletrochoque, o tratamento aos usuários de drogas, o uso da Ibogaína, as comunidades terapêuticas e demais assuntos de interesse comuns do tema Saúde Mental. Além disso, foi montada a Feira de Economia Solidária e empreendimentos sociais, com a exposição de diversos produtos e artesanatos.

A Comissão de Mulheres e Psicologia do CRP-SC também montou um espaço anexo à tenda principal, onde foram promovidas uma Reunião Ampliada e várias rodas de conversas. “A Psicologia é uma profissão predominante feminina e a questão do gênero perpassa todas as práticas da profissão. Queremos ampliar o diálogo com as mulheres e ouvir de que forma essas questões aparecem no nosso cotidiano”, argumenta Joseane de Oliveira Luz, conselheira do CRP-SC e mediadora da Reunião. “A ideia foi criar um espaço de diálogo dentro do Encontro, onde pudemos organizar uma programação focada na perspectiva de gênero”, complementa Pâmela dos Santos, vice presidenta conselheira do CRP-SC.

Em outra rodas de conversa, realizada no primeiro dia do Encontro, sobre Psicologia e o enfrentamento às práticas fascistas e discursos de ódio, o conselheiro e presidente da Comissão de Direitos Humanos do CRP-SC, Ematuir Teles de Sousa, fez um exercício com os participantes, a maioria estudantes, utilizando comentarios de redes sociais com discurso de ódio e discorrendo sobre as origens. “Temos 400 anos de violências em diversas formas, atingindo vários recortes de gênero, identidade de gênero, raça, orientação sexual e demais características”, declarou.

No segundo dia de evento, a Comissão de Direitos Humanos do CRP-SC também promoveu o minicurso: Rede de Articulação: Psicologia e Povos Tradicionais, Indígenas, Quilombolas, de Terreiro e em luta por território, onde foram apresentados dois projetos exitosos de valorização e apoio aos povos originários: a Associação “O Brasil é Minha Aldeia” (Abrama) e a Rede de Articulação Psicologia e Povos da Terra - Santa Catarina.

Chamada para o Seminário de Atenção Psicossocial

No evento também foi realizado o Pré-Encontro do IV Seminário de Atenção Psicossocial: as possibilidades de cuidado integral na atualidade, com a participação das conselheiras  Jaira Terezinha da Silva Rodrigues, Elisa Rita Ferreira de Andrade, além de Ana Maria Pereira Lopes, psicóloga e professora da Unisul, Tânia Grigolo, psicóloga e a professora do Cesusc, Carla de Oliveira. O Seminário, realizado nos dias 1, 2 e 3 de julho, no CentroSul, reunirá usuários, profissionais, professores, pesquisadores e interessados no tema, que promoverá conferências, apresentações, mostras, exposições, oficinas e demais atividades.

Para Jaira Terezinha o Governo Federal, por meio de portarias, vêm fazendo ataques aos avanços da Atenção Psicossocial, exigindo que todos os envolvidos na Saúde Mental se mobilizassem em iniciativas como esta. “São passos e ações que podem parecer pequenas, mas que não podemos deixar de fazer. Temos que demonstrar nossa organização do controle social, dos espaços de militância e participar de eventos como o Seminário. Acredito que é a estratégia mais eficaz nesse momento. Precisamos dialogar com tem a caneta na mão”, ponderou.

 

Fotos


Voltar

Faça seu comentário