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Conselho Regional de Psicologia Santa Catarina - 12ª Região



Confira como foi III Seminário de Psicologia e Pessoas com Deficiência


Confira como foi III Seminário de Psicologia e Pessoas com Deficiência
2023-10-09

Atualização: os vídeos estão no canal do YouTube do CRP-12: https://www.youtube.com/channel/UCDDFkyFLvMs1Ki-3GWJwopA
A galeria de fotos do evento está ao fim da matéria

A terceira edição do Seminário de Psicologia e Pessoas com Deficiência, realizado nesta ultima sexta-feira, dia 29 de setembro, foi um sucesso e reuniu cerca de 80 pessoas no auditório do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina (TCE/SC).

O evento foi organizado pelo Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina - 12ª Região (CRP-12), em parceria com um Grupo de Trabalho Interinstitucional formado por representantes do Núcleo de Estudos sobre Deficiência da Universidade Federal de Santa Catarina (NED/UFSC), do Laboratório de Educação Inclusiva do Centro de Educação a Distância, da Universidade do Estado de Santa Catarina LEdI/CEAD/UDESC, do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), da Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE) e do Governo de Estado.

O objetivo do Seminário foi trazer conhecimento para profissionais da Psicologia sobre a atuação profissional com pessoas com deficiência, baseada em estudos recentes a respeito desta temática. Na mesa de abertura, a presidente do CRP-12, Yara Maria Moreira de Faria Hornke destacou a importância que o XI Plenário do Conselho está dando a causas e grupos minoritários, geralmente esquecidos pela sociedade nos últimos anos. “Precisamos nos comprometer com a questão como Deficiência, nos colocar no lugar do próximo e dar espaço e protagonismo para que as pessoas com Deficiência possam contribuir efetivamente para a construção de e uma sociedade mais acessível, justa e democrática para todos.”

Além da mesa de abertura, foram realizadas três mesas. Na primeira delas, o tema foi “Assistência Social, Educação e Saúde: a atuação e os desafios da psicóloga nesses campos”, com a mediação de Débora Marques Gomes, representando o Laboratório de Educação Inclusiva do Centro de Educação a Distância da Universidade do Estado de Santa Catarina (LEdI/CEAD/UDESC) e a participação das seguintes convidadas Ana Carolina Friggi Ivanovich, psicóloga e professora substituta do departamento de Psicologia da Furb, Daniela Cardoso de Oliveira, psicóloga educacional na Gerência de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis e a vice-presidente do CRP-12 Joseane de Oliveira Luz. 

Debora mencionou a construção coletiva do GT na organização do evento. “Pela primeira vez participamos da construção da identidade visual do Seminário, o que foi muito significativo, levando em questões de acessibilidade e inclusão demais bandeiras caras para todos nós”, declara, complementando que foram debatidas temáticas muitos importantes, que permeiam a deficiência na luta anti capacitista e conversam entre si, como a Psicologia e a Assistência Social. Em sua palestra, Ana reforçou a necessidade de construção de políticas públicas e  destacou o papel feminino da mulher no cuidado com as pessoas com deficiência. “Isso precisa ser levando em conta quando pensamos nas ações com pessoas com deficiência”, ponderou.

Daniela, como uma mulher com deficiência visual, contou a sua trajetória na escola, suas dificuldades e obstáculos que enfrentou para conseguir ter os mesmos direitos que uma pessoa sem deficiência. “Queremos que as pessoas com deficiência ocupem posições de destaque e protagonismo. Mas hoje ainda precisamos lutar contra o capacitismo e a invisibilidade da sociedade para a Deficiência todos diariamente”, argumenta.

Ao final da primeira mesa, a vice-presidente do CRP-12, Joseane Luz, comentou que infelizmente, os cursos de graduação de Psicologia, não preparam suficientemente para a atuação nas políticas públicas junto às pessoas com deficiência. “As profissionais formadas ingressam nos serviços públicos, via concurso, sem o mínimo conhecimento prévio sobre o assunto”, pondera. “A sociedade precisa repensar as concepções de Deficiência para enxergar as pessoas com deficiência como sujeitos de direitos, com políticas mais equânimes”, conclui. 

Apresentação artística

No intervalo das mesas, a companhia de dança Bengalantes, da Associação Catarinense para Integração do Cego (ACIC), formada por pessoas com e sem deficiência, realizou a apresentação de dança “Eu quero que o mundo me veja”, e trouxe a mensagem de que a dança é para todas as pessoas.

Apresentação de trabalhos

No hall do Tribunal, os participantes puderam ver os trabalhos expostos sobre a temática. Ao todo, foram apresentados 7 pôsteres sobre os seguintes títulos: “O grito da surdez e da sexualidade”, “Família e Deficiência: as relações estéticas como mediações”, “Estimulação precoce no contexto das Intervenções assistidas por animais”, “Os sentidos atribuídos às concepções de deficiência por profissionais da educação básica”, “Avaliação intelectual em crianças” e o “O trabalho da Psicologia com familiares, atores associados a constituição da subjetividade de mulheres com deficiência visual”.

Tarde

A programação da tarde começou com a segunda mesa do dia, com o tema: “Perspectivas teórico-metodológicas no campo de estudos da deficiência”, com a mediadora Daniela Cardoso de Oliveira e as seguintes convidadas, a antropóloga Anahí Guedes de Mello, a professora e pesquisadora Marcia Oliveira Moraes e Marivete Gesser da professora e coordenadora do Núcleo de Estudos da Deficiência (NED-UFSC). 

Marcia Moraes apresentou o e-book Retrato Defiça realizado com um grupo de mulheres deficientes do Rio de Janeiro e com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). O material foi elaborado com princípios de acessibilidade.será distribuído de forma digital gratuitamente. “O fio condutor do trabalho foi pesquisar com as mulheres e não sobre a deficiência, envolvendo perspectiva emancipatória, contra as opressões capacitistas que incidem sobre corpos defiças”, explicou Marcia.

Em seguida, em sua fala, Marivete descreveu seu processo de descoberta como uma pessoa com deficiente como uma mulher autista e defendeu uma formação anticapacitista. “Precisamos romper com a compreensão da Deficiência como patologia e ampliar as possibilidades de fazer alianças com demais campos de estudos”, expôs. 

Por fim, Anahí, considerada uma referência em estudos da Deficiência, que traduziu vários termos internacionais para o português, apresentou a sobre a Teoria Aleijada, que segundo ela, se opõe aos modelos médico e social da deficiência, o primeiro, por reduzi-la à patologia, o segundo, por apagar a questão do corpo. “A deficiência não está situada nos corpos das pessoas com deficiência, mas no ambiente inacessível e com o qual teriam que se adaptar”. Ela também trouxe conceitos da Teoria Crip, Teoria Queer, que questiona a exclusão do capacitismo como matriz de discriminação interseccional.

Após a conclusão da fala, a mediadora Dani complementou que as reflexões precisam ser incomodas. “É assim que provocamos as mudanças necessárias na percepção sobre a deficiência”, disse. Ao final de cada palestra, a plateia pode fazer perguntas aos participantes sobre a estigmatização da deficiência intelectual, entre outros temas

Já a última mesa teve como tema a reflexão crítica sobre a avaliação da deficiência e reuniu a mediadora Mariana da Silva Livramento e as convidadas Karla Garcia Luiz, psicóloga e participante do Grupo de Trabalho Interministerial da Avaliação Biopsicossocial da Deficiência, do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, Lailah Vasconcelos de Oliveira Vilela, médica e integrante do Grupo Interministerial para criação do Sistema de Avaliação e Valoração das Deficiências e do Grupo de elaboração do Índice de Funcionalidade Brasileiro IF-Br e do Grupo Técnico de Validação do IF-BrM e, Wederson Rufino dos Santos, assistente Social do INSS e pesquisador dos temas deficiência, saúde mental, políticas sociais e direitos humanos.  

Karla em sua fala abordou a importância de Avaliação da Deficiência, principalmente para conhecer a realidade da vida das pessoas e sobre os problemas atuais de avaliação de deficiência no Brasil. Precisamos pensar em perspectivas mais emancipatórias sobre o campo da Deficiência e da Psicologia”. Lailah trouxe na sua apresentação sobre como é realizado o Sistema de Avaliação de deficiências IFBr-M, Avaliação Biopsicossocial e sobre as iniciativas do GT Nacional. 

A última fala foi de Wederson Santos, que relacionou a Avaliação da Deficiência e a Regulamentação da legislação. “Se não interpretarmos a Avaliação com uma perspectiva ética e politica de justiça distributiva, de Direitos Humanos, arriscamos reproduzir desigualdades experimentadas pelas pessoas com deficiência, em um mundo cada vez mais capacitista. Antes do encerramento, os participantes agradeceram o convite para o evento e destacaram a importância em trazer a temática para o debate.

Descrição da imagem: Primeiro card de fundo branco e degradê em tons pastéis de rosa, laranja e amarelo. Na parte superior, centralizado, em letras maiúsculas, está escrito: “Saiba como foi o III Seminário e Pessoas com Deficiência”. Abaixo, também centralizado, iniciando na esquerda, consta: “Gravado, sem transmissão. 29 de setembro no TCE/SC” e o logotipo do CRP-SC. Na parte inferior da imagem, há 10 pessoas com diferentes características corporais (tons de pele, algumas com diferentes tipos de deficiência) e cada uma delas segura uma bandeira com temas de pautas de direitos: nada sobre nós sem nós; mais acessibilidade, bandeira LGBTQIAPN+; ninguém deve ficar para trás; símbolo das pessoas com Síndrome de Down; Vidas negras com deficiência importam; símbolo girassol; mais inclusão; direitos humanos e justiça social; símbolo do Transtorno do Espectro Autista.  Demais cards com fotos de pessoas no evento. Fim da descrição.

Crédito das fotos: Cid Junkes e Camila Latrova/CRP-12

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