A tarde do último sábado, 15, foi diferente para as pessoas atendidas pelo Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS) Ponta do Coral. Familiares, estudantes de Psicologia e membros da comunidade local participaram do “II Rolê do CAPS”, que proporcionou momentos de descontração, música e teatro.
A jovem Alexssandra Franchesca, 20 anos, acompanhou sua mãe, dona Norma Velazquez, 42 anos, no rolê. Norma recebe atendimento no CAPS desde maio deste ano e foi no evento expor seus trabalhos de artesanato com bordado em panos de cozinha. “Desde que a minha mãe passou a receber atendimento aqui, não teve mais crises e há um mês, voltou a ter vontade de retomar o gosto pelo artesanato. Agora ela faz até cerâmica e faz parte do grupo Maria Bonita, que discute assuntos ligados ao mundo feminino”, conta Alexssandra.
Para um dos psicólogos do CAPS, Felipe Brognoli, o encontro foi uma oportunidade de integração entre a comunidade e as pessoas que, diariamente, são atendidas pelo CAPS. “É um momento de abrir a instituição para a comunidade e uma oportunidade para que a população possa ver nosso trabalho de uma forma mais clara e saudável”, conclui.
A abertura da programação ficou por conta da Banda Menino do Gueto. Em seguida, a galera do grupo de teatro Utu suru bacu smica divertiu os espectadores com a peça “Funeral Alegre”, que abordou de forma crítica e cômica os preconceitos e equívocos frequentes da sociedade a respeito das pessoas com algum tipo de instabilidade mental. Alguns personagens também marcaram presença, como a Ritalina e Elza Soares, que contou sua história em seu monólogo. Ela falou sobre a luta contra o preconceito, finalizando com uma cantoria da famosa marchinha “Lata D”água na cabeça”. E para encerrar o rolê, ainda teve apresentação das bandas Os Tarja Preta e Marafonia.
Segundo o psicólogo Ian Jacques, que integra a Comissão Organizadora do IV Seminário de Atenção Psicossocial e o Eixo Saúde do Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina (CRP-SC), iniciativas como o rolê do CAPS são importantes para a visibilidade da causa, e para que a comunidade conheça mais o trabalho realizado pela entidade. “A população muitas vezes desconhece a existência de um local onde é possível receber tratamento psicológico de forma aberta, sem ser de forma reclusa, como em manicômios, por exemplo”, conclui o psicólogo.
Para Jaira Rodrigues, conselheira do CRP-SC, “iniciativas como esta do CAPS são de extrema importância para o cuidado integral dos sujeitos de direitos e numa lógica não excludente em detrimento da perspectiva manicomial. Nessa direção que o IV Seminário de Atenção Psicossocial, previsto para os dias 15, 16 e 17 de agosto de 2019, está sendo construído”, concluiu.
