O Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina – CRP/12, repudia e consideram irresponsáveis as declarações feitas pelo comentarista do SBT de Santa Catarina, Luiz Carlos Prates, veiculadas no programa “SBT Meio-dia”, no último dia 09 de setembro de 2016.
Ao comentar as paralimpíadas, afirmou que deficientes são aqueles que se dão por depressivos na vida, para os quais o evento esportivo seria um “tapa na cara”. Considera que assistir aos jogos seria um remédio para a depressão. Em sua lógica, deficiente é aquele que tem saúde e vida por que lutar e não luta.
Assim como em outra ocasião, quando definiu a depressão como uma “covardia existencial”, o comentarista reitera sua opinião imprecisa, moralista e equivocada. Não apresenta embasamento e credibilidade, ignorando toda a singularidade do contingente de pessoas que se encontram em sofrimento psíquico, os conceitos epistemológicos que embasam a compreensão do fenômeno e as terapias para tratamento. Em sua fala se nota uma compreensão reducionista do sofrimento psíquico, não expondo a complexidade de fatores que podem provocar alterações no funcionamento biopsicossocial.
Seus equívocos vão além. Ao utilizar o termo deficiente de forma pejorativa, como recurso para depreciar as pessoas com sofrimento psíquico, mostra também seu desrespeito às pessoas com deficiência, representantes de ampla parcela da população brasileira. Define a pessoa com deficiência pela falta, pela tragédia circunscrita à esfera individual, como um defeito de um sistema físico inerentemente anormal e patológico. Nesse sentido, o lesado seria digno de compaixão, portanto aquele que não tem lesão não teria motivos para sofrer, já que tem todas as funções preservadas. Essa é uma compreensão bastante difundida na mídia e que prejudica o reconhecimento das pessoas com deficiência como sujeitos comuns, que compartilham de dificuldades semelhantes somadas às barreiras de acessibilidade impostas pelo ambiente.
Igualmente, tal imprecisão e agressividade de sua linguagem não servem aos propósitos da garantia de uma sociedade verdadeiramente inclusiva e menos capacitista. O comentarista desvirtua, assim, a importância do esporte e da pluralidade para emitir uma opinião unificada que trata de públicos distintos a partir de estigmas há muito tempo combatidos.
A emissora, ao divulgar novamente esse tipo de comentário, instiga o preconceito que ainda circunda as pessoas em sofrimento psíquico e as pessoas com deficiência. Assim, o CRP – 12 ª Região exigiu ao comentarista retratação e reparação cabíveis.