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Conselho Regional de Psicologia Santa Catarina - 12ª Região



Nota sobre as declarações de Luiz Carlos Prates na emissora SBT de Santa Catarina


Nota sobre as declarações de Luiz Carlos Prates na emissora SBT de Santa Catarina
2016-09-13

O Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina – CRP/12, repudia e consideram irresponsáveis as declarações feitas pelo comentarista do SBT de Santa Catarina, Luiz Carlos Prates, veiculadas no programa “SBT Meio-dia”, no último dia 09 de setembro de 2016.

Ao comentar as paralimpíadas, afirmou que deficientes são aqueles que se dão por depressivos na vida, para os quais o evento esportivo seria um “tapa na cara”. Considera que assistir aos jogos seria um remédio para a depressão. Em sua lógica, deficiente é aquele que tem saúde e vida por que lutar e não luta.

Assim como em outra ocasião, quando definiu a depressão como uma “covardia existencial”, o comentarista reitera sua opinião imprecisa, moralista e equivocada. Não apresenta embasamento e credibilidade, ignorando toda a singularidade do contingente de pessoas que se encontram em sofrimento psíquico, os conceitos epistemológicos que embasam a compreensão do fenômeno e as terapias para tratamento. Em sua fala se nota uma compreensão reducionista do sofrimento psíquico, não expondo a complexidade de fatores que podem provocar alterações no funcionamento biopsicossocial.

Seus equívocos vão além. Ao utilizar o termo deficiente de forma pejorativa, como recurso para depreciar as pessoas com sofrimento psíquico, mostra também seu desrespeito às pessoas com deficiência, representantes de ampla parcela da população brasileira. Define a pessoa com deficiência pela falta, pela tragédia circunscrita à esfera individual, como um defeito de um sistema físico inerentemente anormal e patológico. Nesse sentido, o lesado seria digno de compaixão, portanto aquele que não tem lesão não teria motivos para sofrer, já que tem todas as funções preservadas. Essa é uma compreensão bastante difundida na mídia e que prejudica o reconhecimento das pessoas com deficiência como sujeitos comuns, que compartilham de dificuldades semelhantes somadas às barreiras de acessibilidade impostas pelo ambiente.

Igualmente, tal imprecisão e agressividade de sua linguagem não servem aos propósitos da garantia de uma sociedade verdadeiramente inclusiva e menos capacitista. O comentarista desvirtua, assim, a importância do esporte e da pluralidade para emitir uma opinião unificada que trata de públicos distintos a partir de estigmas há muito tempo combatidos.

A emissora, ao divulgar novamente esse tipo de comentário, instiga o preconceito que ainda circunda as pessoas em sofrimento psíquico e as pessoas com deficiência. Assim, o CRP – 12 ª Região exigiu ao comentarista retratação e reparação cabíveis. 


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