Na quinta-feira (24/9), Dia Estadual de Combate à Violência Infanto-Juvenil, o CRP-12 (Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina) promoveu o debate online sobre o trabalho da(o) psicóloga(o) no acompanhamento de crianças e adolescentes vítimas de violência.
A live aconteceu entre das 19h30 e 21h30 na página do CRP na plataforma Youtube e reuniu 31 participantes.
O evento, promovido pela CPAS (Comissão de Psicologia e Assistência Social), foi mediado pela psicóloga Ana Paula Bianchini e contou com a participação das também psicólogas Synara Sepúlveda Sales e Sandra Coimbra e do psicólogo Renato Jesus da Silva.
Junto com os acidentes, os diversos tipos de violências são as maiores causas das mortes de crianças, adolescentes e jovens de até 19 anos no Brasil, do qual as agressões são as que mais matam crianças e adolescentes, a partir dos 10 anos.
No Brasil, todos os dias, são notificadas, em média, 233 agressões de diferentes tipos (física, psicológica e tortura) contra crianças e adolescentes, sendo que boa parte destes registros tem como autores pessoas do círculo familiar e de convivência das vítimas. 68% das crianças brasileiras com até 14 anos, o equivalente a 30,3 milhões de crianças, já sofreram violência corporal em casa.
Estes dados de 2017, divulgados pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, apontam que os principais tipos de violência denunciadas são: negligência (61.416), violência psicológica (39.561) e violência física (33.105).
Embora os dados estejam disponíveis, números precisos e atuais sobre casos de violência contra crianças e adolescentes não são fáceis de precisar. “Nem mesmo a OMS consegue mensurar este número”, explica Synara Sepúlveda Sales (CRP 08/ 20.460), mestre em psicologia forense e pós-graduada em psicologia jurídica.
Esta violência acontece no ambiente familiar e, em determinados casos, pela própria família, que dificulta a mensuração. “Se existe violação de direitos nesta família, dificilmente é apenas um tipo de violência praticado”, salienta Sandra Coimbra. Estes dados refletem na vida adulta de todas as formas.
São muitos os números do drama social que abatem vidas e trajetórias daqueles mais frágeis e vulneráveis de nossas sociedades. Justamente o inverso que a nossa Constituição Federal, em seu artigo 227, diz: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
O artigo 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente preceitua que “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão
Sandra reitera ainda que, mesmo que seja difícil, o(a) psicóloga(o) deve trabalhar com esta família e tentar, de alguma, melhorar – ou resgatar – vínculos familiares, pois a família desenvolve papel crucial no desenvolvimento de pessoas na infância e adolescência.
O papel da psicologia não se limita em orientar as famílias e no atendimento das vítimas, mas também no trabalho da(o) profissional de psicologia na investigação policial nestes casos. Segundo Renato Jesus da Silva (CRP: 12/14404), psicólogo da ACADEPOL (Academia de Polícia de Santa Catarina), a interpretação do perfil psicológico é fundamental para identificar os responsáveis pela agressão.
O material está disponível na página do CRP: https://www.youtube.com/watch?v=c0vhaPivVU8&t=12s .